Os castigos são os radares de velocidade da parentalidade


Mas, afinal, os castigos funcionam, ou não?

Todos nós, certamente, já observámos o que acontece quando passamos numa estrada que tem um radar de velocidade: os automobilistas travam quando estão a chegar ao radar, passam pelo radar a cumprir o limite de velocidade e, logo a seguir, voltam à velocidade a que circulavam.


Por isso, a pergunta que faço é: os radares impedem os automobilistas de andar em excesso de velocidade? Sim, naquele troço da estrada, impedem. Mas e onde não há radares, ou quando os carros já estão fora da zona de alcance dos radares? Para alguns, se calhar, até podem funcionar. Mas a grande maioria volta à velocidade a que estava a circular.


Com os castigos acontece a mesma coisa: eu não tenho dúvida nenhuma que o castigo funciona, naquele momento. Mas será que vai prevenir o comportamento que queremos evitar no futuro? O foco da criança, quando é castigada, é o motivo que fez com que fosse castigada, ou o castigo em si, e como poderá fazer para não ser apanhada na vez seguinte? Quando castigamos uma criança, estamos a ajudá-la a perceber como pode fazer as coisas de forma diferente? 


Podem dizer-me que os castigos são uma consequência do mau comportamento da criança (claro que isso abre a porta a uma longa conversa sobre o que é, para cada um de nós, mau comportamento, mas, para já, vamos assumir que isso está bem definido para a criança). Há, no entanto, uma linha que separa um castigo de uma consequência. De acordo com o dicionário da Porto Editora (www.infopedia.pt), castigo é um "sofrimento físico, moral ou outro que se inflige a alguém por ter feito algo considerado condenável; punição; pena". É, portanto, algo imposto, que não está relacionado com a ação inicial (por exemplo, "se não comeres a sopa, não vamos ao parque"). Já consequência, de acordo com o mesmo dicionário é o "resultado natural, provável ou forçoso de um facto; efeito" (no exemplo da sopa seria combinar previamente com a criança que iriam ao parque depois do almoço e, portanto, "quando acabares de comer a sopa, vamos ao parque"). Com estas duas situações muito simples, podemos ver logo a intenção por trás de cada uma delas: na primeira, eu quero punir a criança que não come a sopa, enquanto que na segunda o ir ao parque é um efeito de terminar de comer a sopa. 


Portanto, se o castigo funciona? Sim, funciona. Naquele momento, enquanto a criança não descobrir como pode fazer o mesmo, sem ser apanhada. Se mostra à criança como deve agir, ou porquê que o que fez estava errado, prevenindo que volte a acontecer no futuro, enquanto se constrói uma relação baseada no respeito mútuo, e com significado, com a criança? Definitivamente, não!


(Eu estou a fazer uma Formação Avançada em Orientação e Aconselhamento Parental, para a qual necessito de voluntários, Pais e Mães, para fazer uma ou mais sessões comigo. Nessas sessões iremos ver alguma situação em concreto que vos preocupe, na relação com os vossos Filhos, com o objetivo de descomplicar a parentalidade, e torná-la mais leve e com significado. Se quiserem saber mais, vejam aqui ou entrem em contacto comigo por email, ou nas redes sociais)





fotografia com parte da citação "A mão que embala o berço é a mão que governa o mundo. E essa mão é a nossa!"Criança a dobrar meias
Dois irmãos, num plano aproximado, onde se vê um a dar um beijo ao outro

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