As escolas encerraram e temos garantidas, pelo menos, duas semanas de crianças a correr pela casa... E, apesar de ser um cenário que até era bastante expectável, ninguém estava, verdadeiramente, preparado.
Este confinamento tem algumas dificuldades acrescidas, em relação ao do ano passado.
A primeira dificuldade é o cansaço acumulado. Muitas Famílias ainda não recuperaram do confinamento do ano passado. O facto de a vida não ter, realmente, voltado ao normal; o maior isolamento e distanciamento da Família alargada; algumas Famílias ainda somam um ou mais isolamentos profiláticos pelo caminho; e, demasiadas Famílias, viram os seus rendimentos diminuir, ou mesmo deixar de existir. O cenário é de desgaste e preocupação com tudo o que nos rodeia.
Mas, tem também algumas vantagens! Já sabemos com o que contar e onde tivemos mais dificuldades, no ano passado. Cá em casa foram 6 meses sem escola!
Com esta experiência acumulada, há algumas coisas que eu sei que me vão ajudar:
1. Gerir a informação que entra em casa: no ano passado, senti que saber os números todos os dias me angustiava e isso alterava a minha paciência para os miúdos. Decidi filtrar a informação que me chegava. Normalmente via o início do telejornal da hora do almoço, só para ter um panorama geral, e desligava. Eu estava a fazer a minha parte: estávamos todos em casa, sem contactar com mais ninguém. E a minha sanidade mental era mesmo importante para manter o ânimo cá em casa.
2. Gerir as expectativas: eu acredito que mais de metade dos nossos problemas se resolvem com uma gestão adequada das nossas expectativas. Nós somos 5. Confinados, significa que há 10 refeições por dia para fazer, roupa para tratar, casa para limpar/arrumar. Crianças em casa o dia todo, significa que há conflitos e brinquedos espalhados todos os dias. Se a minha expectativa for que a casa está impecável todos os dias, vou desgastar-me imenso, porque sei que isso não vai acontecer. Se a minha expectativa for que eles não vão entrar em conflito um com o outro, vou ficar irritada, ou desanimada, porque isso vai acontecer, sem sombra de dúvidas (só para terem uma ideia do que é expectável, a Magda Gomes Dias, começa o seu livro "Pára de chatear a tua irmã e deixa o teu irmão em paz" por nos dizer que, em média, os irmãos se pegam 3,5 vezes POR HORA). Se a minha expectativa é que vou conseguir trabalhar o mesmo que trabalhava quando os miúdos estão na escola, vou ficar extremamente frustrada, porque isso não vai acontecer: eles vão pedir atenção, vão precisar da nossa intervenção, vão interromper-nos mil e uma vezes.
3. Planear: as refeições (sem esquecer os milhares de lanchinhos ao longo do dia), as brincadeiras e atividades, os momentos de pausa, os planos de emergência para se nada mais funcionar, a atividade física (sejam passeios à volta do quarteirão, se o tempo o permitir, sejam atividades para gastar energia dentro de casa, ou na garagem), o tempo que eles podem passar em frente ao écran (e o que podem ver/fazer), os momentos de brincadeira livre... Sem esquecer que o plano não é para seguir até ao mais ínfimo detalhe, mas sim para não nos sentirmos assoberbados ao longo do dia.
Eu sei que estes tempos são desafiantes. Quem tem que trabalhar, então, pior ainda! Não sei quem teve a brilhante ideia de decidir que quem está em teletrabalho não pode pedir o apoio à Família para ficar com as crianças (principalmente em idade pré-escolar). Imagino que não tenha Filhos pequenos (ou, se tiver, também deve ter quem tome conta deles!). Mas, neste momento, essa é uma realidade que não podemos alterar.
Há um provérbio africano que diz que "É preciso uma aldeia inteira para educar uma criança". E é bem verdade! Não podemos estar juntos, mas vou fazer a minha parte, e partilhar convosco as atividades e brincadeiras que planear cá para casa (vou partilhar aqui no blog, no nosso Instagram, Facebook e através da nossa newsletter - escolham a forma que preferirem para não perder pitada 🧡💗💙).
Vamos a isso?
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