Por 6 Meses de Licença | Margarida de Almeida e Brito



Margarida de Almeida e Brito é jurista, auditora interna numa entidade do Ministério da Saúde e é um dos membros da Comissão Representativa da nossa Iniciativa.


Como Mãe, fala-nos na sua experiência e no impacto que a licença atual teve no seu bebé e de como a licença de 6 meses faz toda a diferença neste início de vida.

Se concordarem que a melhor forma de permitir que sejam todas as Famílias a escolher se querem seguir, ou não, as recomendações da OMS, de amamentar em exclusivo os seus bebés até aos 6 meses, é com uma licença parental inicial, habitualmente gozada pela Mãe, de 180 dias, podem assinar a nossa Iniciativa de uma destas 3 opções.



Em defesa do alargamento da licença parental até aos 6 meses com pagamento a 100% para as famílias que, querendo, optem por esta via, partilho como aconteceu connosco…

por Margarida de Almeida e Brito



Tinha 4 meses, o meu rebento e as últimas semanas de ponderação acerca da introdução, ainda que precoce, da alimentação complementar era um misto de necessidade, derivado da hipótese de regresso ao trabalho e de ansiedade por sentir que o bebé não estava nessa…

Amamentado, em exclusivo, até àquele aniversário, não despertava curiosidade por outro alimento para além da amamentação e contacto materno.

Bom, ainda que avessa à ideia, lá experimentei dar a provar ao rebento, uma deliciosa iguaria de alimentação complementar que eu própria preparei.

Experimentei 1 vez, 2 vezes, 3… e o episódio repetia-se e agudizava-se! Entre choro e gritos compulsivos que duravam 15/20 minutos, percebi que a introdução da alimentação complementar era recebida como uma espécie de “agressão” para o meu bebé.

Tenho a certeza que preparava a refeição com imenso empenho, amor, respeitando a confeção e alimentos indicados pelos profissionais de saúde e oferecia num ambiente descontraído, mas claramente, o meu bebé não estava preparado!

Foi então que falei com a pediatra e a própria confirmou, após o meu relato, a ausência de preparação do bebé para a introdução da alimentação complementar aos 4 meses de idade e optei por continuar a amamentar em exclusivo até aos 6 meses.

Claramente, quer fisiológica, quer emocionalmente, o meu bebé precisava de tempo para outra alimentação que não a amamentação.

Acresce que a natureza e os benefícios do leite materno são hoje cientificamente evidentes e conhecidos!

Ponderamos em família, e optamos pela amamentação em exclusivo até aos 6 meses e o adiar do meu regresso ao trabalho, ainda que tal comportasse maior esforço financeiro. Apesar desse esforço financeiro, ao contrário de algumas famílias, tivemos a possibilidade de escolher.

P. S.: Teria sido uma fase mais tranquila, natural e menos custosa se tivesse havido a possibilidade de optar por uma licença parental inicial paga a 100% até aos 6 meses do meu rebento. Talvez no futuro, para tantas outras famílias, essa possibilidade seja uma realidade!

Não julguem! Se puderem, contribuam ativamente para melhores condições para as famílias portuguesas.

Obrigada.



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