Até Novembro passado, a minha participação política era apenas de cumprimento do mvico de ir votar.
Na semana em que se celebra a liberdade; a possibilidade de se dizer o que se pensa, sem medo de represálias; a possibilidade de se lutar pelas nossas convicções; faz sentido falar sobre esta minha mais recente experiência, também ela fruto da maternidade.
Adorei lançar a petição e vê-la crescer. Ver o impacto que a minha iniciativa teve em tanta gente e como pessoas, que eu nem conhecia, abraçaram e defenderam esta causa. Perceber que dei voz ao que muitos pensavam e sentiam (mais de 33.000 pessoas já assinaram a petição!). Ver que este é um assunto que interessa ao País (com uma cobertura, muito útil, dos principais órgãos de comunicação social e 3 propostas de alteração à lei, por parte de 3 partidos diferentes, no seguimento da petição).
Não gostei tanto de constatar que as pessoas adoram falar mal e criticar o que os outros fazem. Precisamente o que me levou a criar a petição: se só criticarmos não chegamos a lado nenhum. As primeiras críticas (nada construtivas e muito além do simples discordar de opiniões), irritaram-me, entristeceram-me, magoaram-me. Ainda por cima por virem de mulheres! Mas rapidamente ultrapassei esse choque inicial e deixei de ligar. Não vale a pena! Afinal, o objetivo era só falar mal... Mas explica a sociedade paternalista em que, ainda, vivemos. Alimentada pelas próprias mulheres, que se dizem defensoras da Igualdade e dos direitos das Mulheres...
Percebi que ainda temos um longo caminho pela frente, antes de sermos uma sociedade que valoriza a natalidade e demonstra respeito por quem irá assegurar o futuro do País. Sim, porque, para uma Família, ter Filhos é (ou deveria ser) um ato de Amor. Mas, para a Sociedade é um contributo para o bem estar de todos nós: são os nossos Filhos que serão os futuros clientes das empresas, são os nossos Filhos que irão contribuir para a Segurança Social e pagar as reformas de amanhã.
Percebi que temos que amadurecer, enquanto Sociedade, para deixar a mentalidade de "coitadinhas das empresas, que ficam sem uma trabalhadora mais um ou dois meses" e passarmos o nosso foco para o superior interesse das crianças que ficam sem o seu principal cuidador aos 4 ou 5 meses, mesmo que isso implique deixarem de ter o melhor alimento que existe e é produzido especialmente para elas: o Leite Materno! Para percebermos, de uma vez por todas, que a chave da produtividade está na motivação das pessoas e que esta não se consegue com ameaças e repreensões, mas com respeito pelas pessoas e pelas suas Famílias ("Quem meus Filhos beija, minha boca adoça!").
Percebi que temos que amadurecer, enquanto Sociedade, para deixar a mentalidade de "coitadinhas das empresas, que ficam sem uma trabalhadora mais um ou dois meses" e passarmos o nosso foco para o superior interesse das crianças que ficam sem o seu principal cuidador aos 4 ou 5 meses, mesmo que isso implique deixarem de ter o melhor alimento que existe e é produzido especialmente para elas: o Leite Materno! Para percebermos, de uma vez por todas, que a chave da produtividade está na motivação das pessoas e que esta não se consegue com ameaças e repreensões, mas com respeito pelas pessoas e pelas suas Famílias ("Quem meus Filhos beija, minha boca adoça!").
Percebi que o tema da amamentação, e os motivos para os números serem tão assustadoramente baixos (quando é que deixámos de ser mamíferos?), é muito mais complexa do que o que deveria ser e que a decisão (supostamente) informada das Mães que desistem de amamentar tem tanto ruído e tanta interferência, que torna a tarefa de quem quer desfazer os mitos criados dificílima.
Também percebi que o jogo político é (e será sempre?!) mais forte do que as convicções dos deputados que nos representam. Que o espírito de iniciativa e a participação política do cidadão comum não agrada a todos...
Mas continuo a ter esperança!
Tenho esperança que a nossa petição seja motor de mudança (mesmo que não seja já, o assunto está lançado!).
Tenho esperança que, em sede de Comissão Parlamentar, haja uma discussão séria, com os deputados a procurarem informação científica, que vá além das suas experiências (e, talvez, até, frustrações) pessoais.
Tenho esperança que a Sociedade cresça e evolua, que as Mães e Pais deixem de ser apontados por quererem acompanhar os Filhos, que comece a haver espaço para o necessário equilíbrio entre a vida profissional e familiar, que se comece a abordar a igualdade de género como igualdade de oportunidades e não como sendo todos literalmente iguais.
Tenho esperança que a criação de condições para que as Famílias tenham o número de Filhos que desejam deixe de ser dito da boca para fora e passe a ser prioritário.
Porque os nosso Filhos merecem! Porque a Sociedade precisa!
E porque as Mães e Pais agradecem!
Comentários
Eu sei que sou tua mãe, mas não é devido a esse facto que te digo o quanto tenho orgulho em ti como ser humano e como mulher muito inteligente que és.
Penso ter contribuído um pouquinho que seja para a maravilhosa mulher que és hoje, mas o mérito é todo teu. És grande, minha querida filha, muito maior do que o que te circunda a nível profissional e político. Liberta-te dessa pequenez e vais longe.
Com muito amor,
Ana Bela