Os meus 100 metros

Treino, a 4 💝

Antes de engravidar do Miguel eu praticava desporto. Era uma coisa relativamente recente, mas dava-me um gozo bestial. 

Estava em forma, pela primeira vez na vida. A preparar-me para a minha primeira meia maratona. Conseguia fazer de tudo, sem me cansar demasiado. Até uma prova de 15 km e ainda sorrir e conversar pelo caminho!

Claro que essa preparação física não foi conseguida do nada! Foi com muito empenho, sacrifício, o acompanhamento de treinadores que sabiam o que estavam a fazer e nos motivavam a conseguir os nossos objetivos.
Treinava duas vezes por dia. 5 a 6 dias por semana. Era no ginásio que começava e acabava o meu dia. Tinha uma alimentação cuidada.

Depois, engravidei e tive que abrandar. Como dizia a minha obstetra, "uma galinha, quando está a chocar os seus ovos, não anda a correr e a saltar: fica sossegadita, no ninho". No início, a ideia não me agradou. Mas, com os enjoos que eu tinha, durante o primeiro trimestre acabou por ser fácil seguir as indicações da médica. À medida que a gravidez foi avançando, eu ainda fiz algumas aulas de hidroginástica. Mas, ainda no segundo trimestre tive ordens para suspender tudo, para ver se desacelerava a vontade do Miguel nascer antes do tempo (e não foi suficiente, que acabei por ter de ir para casa, com gravidez de risco, devido à extinção do colo do útero ser superior ao desejável - o mesmo que depois aconteceu na gravidez do Rodrigo!). Nessa altura a vontade de ir ao ginásio já não era muita. Acho que o meu corpo sabia que eu precisava de abrandar, mesmo antes das médicas mo dizerem!

E depois nasceu o Miguel! Tão lindo, tão amoroso, tão dependente de mim! Tanto, que a ideia de o deixar, por pouco tempo que fosse, para ir ao ginásio, me parecia inconcebível. Quando comecei a trabalhar ainda era pior, porque queria sempre aproveitar cada segundo com o meu bebé!

E foi sendo assim, até engravidar do Rodrigo. Desta vez, além de já não ter o ritmo de treino da primeira gravidez, ainda imaginava que havia a possibilidade de ter, novamente, a extinção do colo do útero a começar cedo demais. E assim foi. Desta vez, ainda mais cedo, vim para casa, com gravidez de risco outra vez!

E, depois, nasceu o Rodrigo! Tão lindo, tão amoroso, tão dependente de mim e já tinha que dividir a minha atenção com o Maninho, também ele ainda um bebé de 2 aninhos, acabados de fazer!
Se só com um Filho era difícil arranjar tempo para fazer exercício, com dois ainda era pior...

Mas, a verdade, é que sinto falta do bem que me sentia quando estava em forma, de conseguir fazer tudo sem me cansar, de vestir o que bem me apetecia (e de me ficar bem! - porque poder vestir, eu continuo a poder vestir 😉).

Há dias vi o filme 100 metros (podem ver o trailer aqui). É baseado na história real de um jovem, mais ou menos da minha idade, Pai de família, a quem foi diagnoticada Esclerose Múltipla e que, ainda assim (ou, precisamente por isso!), decide fazer um Ironman - 3,86 km a nadar, 180,25 km de bicicleta e 42,20 km a correr.

O filme é inspirador! Por todos os motivos! E faz-nos acreditar que todos conseguimos tudo aquilo que realmente queremos e nos esforçamos por alcançar.


Ou seja, eu, que nem tenho nenhum problema de saúde acrescido, também consigo voltar a correr e, quem sabe, fazer a meia maratona que ficou por fazer... Basta querer e trabalhar para isso!

Hoje fiz os meus 100 metros!


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