O Fim de um Sonho

Soube, esta semana, que as propostas de alteração à lei, que resultaram da petição que lancei para o aumento para 6 meses da licença parental inicial, exclusiva da mãe, foram todas reprovadas.

E não foi por falta de propostas, ou por os partidos à esquerda e à direita não considerarem o pedido válido e relevante. Tanto é que quer o BE, como o PCP, o PAN e também o CDS, apresentaram propostas no sentido de alargar a licença parental, entre outros incentivos à natalidade que entretanto acharam por bem acrescentar.

O que aconteceu, então?

Aconteceu política, no seu melhor (ou deverei dizer, pior?!). Porque o BE e o PCP nunca poderiam viabilizar uma proposta do CDS. E o CDS preferia, com certeza, um novo terramoto em Lisboa a votar a favor de uma proposta do BE. Porque, entre o PS e o PSD, o discurso muda radicalmente, conforme estão no Governo ou na Oposição. E o que é fundamental num dia, passa a ser perfeitamente equilibrado no dia seguinte (mas sem perder de vista que, mais cedo ou mais tarde, as posições se vão inverter novamente).

E nós, povo português, é que arcamos com as consequências deste "clubismo" partidário, onde a cor política é bem mais importante do que fazer o mais certo para a população, do que o superior interesse das crianças e das suas Famílias.

Ora, num país onde os direitos das Mães e Pais são muito pouco respeitados, onde ser Mãe continua a ser, em muitas empresas, uma afronta, onde muitos Pais nem ousam usufruir das suas licenças ou de baixa de assistência à Família, quem é que vai incentivar as famílias a ter o número de filhos que desejam?

Não serão, com certeza, os nossos governantes, que até podem estar a defender a mesma coisa, mas, pelo simples facto de ter sido o "inimigo" a apresentar a proposta, é para votar contra, mesmo sem se saber exatamente o que esta diz.
Faz-me lembrar, quando eu era criança, e no pátio, que havia no meu prédio, havia uma zanga entre nós. Imediatamente, começávamos a perguntar às restantes crianças do lado de quem estavam. E as outras crianças iam tomando partido, normalmente sem saberem bem o que tinha acontecido...

O que mais me entristece é saber que, se houvesse vontade política, esta proposta seria aprovada. Mas, de facto, não há. Há apenas a vontade de ficar bem na fotografia :(


Comentários

maria freire disse…
Fiquei sempre com a esperança, de que chegaríamos a bom porto de alguma forma, mas infelizmente os nossos políticos não passam disso mesmo políticos, talvez porque não precisam de pensar muito porque as suas mulheres ficam em casa a "cuidar" dos filhos e tiram licenças sem vencimento sem fim à vista, mas nem todos podemos fazê-lo. Este é o meu terceiro filho e pensei que desta vez poderia estar mais tempo com ele e com os outros,mas não o tempo é o mesmo divido por três, e daqui a dois meses já com as minhas férias tenho de dar entrada ao serviço, não importa com quem o pequeno tenha de ficar, que creche poderei pagar, sim porque do estado não há para ficar com crianças tão pequenas. É este o país que temos mas não o país que queremos.
Carina Pereira disse…
Tão verdade!
Unknown disse…
Em Julho, quando estava a acompanhar as notícias e a recuperar do meu parto, queria acreditar que algo assim iria ser aprovado. Para o bem dos nossos bebés. Para o bem das mães. Para o bem de todos enquanto comunidade e sociedade. Infelizmente a política ganhou maos uma vez e perdemos enquanto cidadãos. Tenho pena que este país invista tão pouco na natalidade que nos obriguem a regressar ao trabalho tão cedo... cedo de mais! Espero que a mentalidade mude, principal dos decisores, para que os nossos bebés possam ter mais tempo disponível dos seus pais, principalmente no primeiro ano de vida. Bom 2017!