Amamentar: um verbo que só deve ser conjugado na primeira pessoa

Terminou ontem a Semana Mundial da Amamentação, que este ano se focou na conciliação da amamentação com o trabalho. A menos de um mês de regressar ao trabalho, parece-me um excelente tema para o post de hoje.

Para mim, amamentar faz todo o sentido! A OMS recomenda que, até aos 6 meses, os bebés sejam amamentados em exclusivo. Foi o que fiz com o Miguel e o que pretendo fazer com o Rodrigo. E, se com o Miguel correu tudo maravilhosamente bem, com o Rodrigo já não foi tão simples. Ter que tirar leite com bomba, para acrescentar o espessante, para ele não bolsar tanto e para não se voltar a engasgar (podem ler sobre isso aqui), enquanto estava sozinha em casa com os dois não foi nada fácil! Ter que dar do meu leite pelo biberão, psicologicamente, mexeu comigo. Quando tive que lhe dar leite adaptado (LA), pior ainda! Acho que chorei todos os 1140 ml de LA que lhe dei (ou talvez mais um bocado, é certo!). O meu maior receio de, depois, ele rejeitar a mama foi completamente infundado: não só se readaptou lindamente à mama, como sorria sempre que lhe dava de mamar!

Felizmente já passou :)
E sempre que ele adormece na mama e fica com aquele sorriso de satisfeito, com um fiozinho de leite a escorrer pelo canto da boca e aquele cheirinho a leite fantástico, o meu coração fica cheio! Tenho a certeza que dar de mamar é mesmo o melhor, não apenas para os meus filhos, mas principalmente para mim! E isso é fundamental na amamentação. Não creio ser melhor Mãe do que as que preferem dar biberão. Nem sequer acho que a ligação que uma Mãe que amamenta estabelece com o seu Filho seja mais forte do que uma que dê biberão. Desde que a Mãe esteja em paz com a sua escolha, de certeza que vai ser a melhor para a sua cria :)

Acho que cada Mãe sabe de si. Não é um tema que se deva opinar. Independentemente das inúmeras vantagens da amamentação, é fundamental que as Mães se sintam confortáveis com a sua opção! É uma decisão pessoal e intransmissível. E, por isso, não posso deixar de estranhar quando oiço relatos de pediatras, médicos e enfermeiros de família que incentivam Mães a deixar de amamentar, com argumentos ridículos, que deixam qualquer Mãe insegura (sendo o mais comum o de que o leite, a partir de determinada idade é só água e não alimenta o bebé...). Como é que é possível haver profissionais de saúde tão desinformados? Ainda bem que tanto o pediatra que escolhemos, como a nossa médica e enfermeira de família não são assim e promovem a amamentação. Sem fundamentalismos. Como, aliás, deve ser!

Claro que, conciliar a amamentação em exclusivo com o trabalho não deve ser tarefa fácil! Com o Miguel consegui juntar férias à licença e só fui trabalhar já ele tinha 6 meses. Agora, com o Rodrigo, optei por tirar a licença alargada e ele também já vai ter 6 meses quando eu for trabalhar :)
E, ainda assim, com apenas duas refeições (papa e sopa) é uma correria para lhes dar de mamar e não ter que introduzir mais nenhuma refeição pelo meio...

Como já disse várias vezes (e como escrevi no fim da licença do Miguel), regressar ao trabalho, com bebés ainda tão pequeninos é, mesmo, muito difícil! Eles ainda são absolutamente dependentes de nós e o nosso instinto ainda grita para os mantermos debaixo da nossa asa! Só de pensar que daqui a 4 semanas vou trabalhar fico com o coração apertadinho (agravado pelo facto de saber que daqui a 3 semanas o Miguel vai para a creche...).
Queria tanto pôr o tempo em pausa! Mas não sei como se faz... :(

Resta-me gozar o tempo que falta, tentando esquecer a angústia que sei será crescente! E aproveitar cada momento! E vêm aí marcos muito importantes para o mais pequenino cá da casa: a primeira papa e a primeira sopa ;)

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